segunda-feira, 5 de maio de 2008

Torpedo do IBP contra o "Veritatis" Splendor

I.L.C.S.
Nos rotineiros ataques da Associação Montfort ao Vaticano II, o "torpedo" era um artigo escrito geralmente com testemunhos de pessoas insuspeitas, que confessavam as reais intenções e os efeitos do Concílio na Igreja.Depois veio o Veritatis e quis imitar, e fez também os seus "torpedos"--que, pelo jeito, vinham de um barquinho frágil de papel--contra o Tradicionalismo--e por Tradicionalismo, entenda-se prof. Orlando e Associação Montfort.
Os torpedos do Veritatis e da Montfort eram baseados em frases reveladoras de pessoas de grande importância quando o assunto é o Vaticano II e a Missa nova.
O Veritatis usou de algumas frases do Cardeal Ratzinger, uma delas, inclusive, analisada pelo Felipe Coelho no veritas "As Concessões de Bento XVI ao tradicionalismo".
Agora vejamos o que diz o pe. Laguérie sobre esses argumentos de autoridade (pois são baseados na autoridade de alguém em dizer algo, devido à sua importância e relevância naquele assunto): “Não há nada de inexorável no caminho de um homem, qualquer que seja seu percurso. Quer ele suba, quer ele desça; quer ele ande em direção à luz, quer ele se afaste dela; quer ele seja fiel, quer ele se furte à graça: nada está escrito, nem de seu lado, nem do lado de Deus. O determinismo, mesmo e principalmente o intelectual, é uma heresia, muitas vezes condenada.
Estando isto esclarecido, e para voltar ao Papa, eu acho profundamente injusto apoiar-se em escritos de um homem que têm cinqüenta anos ou mais, para deduzir daí suas intenções ou suas decisões atuais. Tanto mais que o muito moço Padre Ratzinger tornou-se rapidamente o secretário do Padre Karl Rahner, o mais célebre teólogo e expert do Concílio e do qual se conhece a teologia explosiva sobre a Igreja dos “cristãos anônimos”. Ele escolheu esse posto e esse barco? Essa influência e esse condicionamento? Aquele que pode ter a pretensão de ficar prontamente livre do pensamento de seus mestres só prova uma coisa: que foi um aluno muito medíocre."
É verdade que o pensamento do pe. Ratzinger mudou ao longo de sua carreira. Não adianta, portanto, citar frases retiradas de entrevistas ou livros, mas que possivelmente nem reflitam o que ele pensa hoje sobre o assunto. Antes de olhar quem diz, é preciso ver o que diz. A frase pode ser do Cardeal Ratzinger, mas nem por isso ela se torna mais verdadeira. O que se deve ver na frase é a sua consistência, e não a autoridade de quem diz, pois a autoridade também depende da verdade. Nenhuma autoridade pode formular sentenças a seu próprio gosto, pois estaria falseando a sua obrigação de se manter fiel à verdade.
E completa o pe. Laguérie: "O Papa Bento XVI se bate (quase) sozinho e (quase) contra todos para reintegrar o pensamento e o Magistério da Igreja em uma ótica resolutamente tradicional e, justamente no decorrer dessa tarefa - particularmente difícil e perigosa depois de um concílio cuja característica é a ambigüidade irênica - aparece um agitador, justo nas nossas fileiras, para exumar um pensamento de ontem contra os fatos de hoje. É odioso."
E aqui está o torpedo do pe. Laguérie contra o Veritatis, pois afirma o pe. Laguérie que o Vaticano II foi ambíguo. Igualmente o afirma o pe. Navas, em resposta ao Felipe Aquino.
Os conservadores insistem em dizer que o Concílio deve ser visto do ponto de vista da continuidade, como se as leituras modernistas que se façam dele venham de fora. Como se a má leitura seja por conta só do leitor, e não do texto em si.
Ora, os modernistas podem favorecer uma leitura de ruptura no Vaticano II, mas isso é porque o próprio texto o permite. Afinal, como bem disse o pe., o Vaticano II foi ambíguo. E condenar a leitura do espírito não é condenar o leitor exclusivamente, mas a letra ambígua que gera esta leitura, aliás, uma das leituras, já que, no Vaticano II, cada um lê à sua maneira.
E na seção de "perguntas freqüentes", assim se lê:
Será que os senhores não serão obrigados a concelebrar no novo rito?
Não. Por um lado, nossos estatutos, que receberam a aprovação do Santo Padre, só nos permitem celebrar no rito tradicional. [...]
Ora, se não são obrigados a rezar a Missa nova, também não seriam obrigados a aceitar o Vaticano II. Lex orandi, lex credendi. Se a Missa nova não tem erros ou não ofusca os mistérios da Fé, por que então o IBP não a celebra? Por que evitar de celebrá-la, sendo que isso só daria argumento aos "tradicionalistas"?
Se eles não precisam celebrar a Missa nova, obviamente também não precisariam aceitar o Vaticano II, já que esta Missa é a "lei da oração" da nova "lei da Fé" do Concílio.
E prossegue o IBP: "Qual é então o compromisso dos senhores em relação ao Vaticano II?
É inegável que o Vaticano II propõe à Igreja as questões essenciais da modernidade: a consciência, a liberdade religiosa, a verdade, a razão e a fé, a unidade natural ou sobrenatural do gênero humano, a violência e o diálogo com as culturas, etc. Mas o Concílio data de 1965 e não é mais atualmente um discurso fechado. Nós o reconhecemos pelo que ele é: um concílio ecumênico dependente do magistério autêntico, mas não infalível em todos os pontos e, em razão mesmo de suas novidades, às voltas com certas dificuldades em sua continuidade com o Evangelho e a Tradição. Diante do falso “espírito do Concílio” que ele declaradamente questionou em 22 de dezembro de 2005, diante da Cúria, como uma causa de “ruptura” na Igreja, Bento XVI afirma que ele pretende submeter o Vaticano II a uma releitura para dar dele uma interpretação autêntica, ainda por vir. Nessa perspectiva, nós somos convidados a conduzir de maneira construtiva, em nosso modesto nível, um trabalho crítico. O debate fundamental, que está latente há quarenta anos, poderá se abrir no seio da Igreja, sobre os pontos principais de descontinuidade presentes no Concílio e que perturbam a fé."
O IBP afirma que o Vaticano II trouxe novidades. Aqueles que dizem que ele só fez uma reapresentação da doutrina tradicional da Igreja, que reapresentou a doutrina conforme a linguagem do nosso tempo, não concordariam, portanto, com o que diz o IBP.
E também diz a resposta que o Papa quer fazer uma "releitura" do Vaticano II. Se o Papa quer reler o Concílio, quer relê-lo para corrigi-lo.
Se ele condenou o espírito, agora convoca o IBP para ajudá-lo a corrigir a letra.
Então é falso dizer que há uma "hermenêutica da continuidade". Se ele trouxe novidades, então não é contínuo. Se for preciso relê-lo para corrigi-lo, então ele não foi contínuo.
A conclusão disso tudo é que o argumento de autoridade é sempre mais forte, pois temos inclinação em acreditar no que uma pessoa de renome tem a dizer sobre um assunto de seu domínio. Mas ele não é absoluto. Não é porque o Cardeal disse que significa que é verdade. Então também temos que ver o que foi dito, e não puramente quem o disse.

4 comentários:

$.o.$ disse...

Não tens vergonha de citar

Felipe Coelho em seu Blog

Ele é um Sedevacantista declarado

Ou Voces também são

Fedeli diz que não !

Estranho este relacionamento entre vós.

Muito estranhomesmo.

AJBF disse...

"Não tens vergonha de citar Felipe Coelho em seu Blog. Ele é um Sedevacantista declarado!
Ou Voces também são?
Fedeli diz que não !
Estranho este relacionamento entre vós. Muito estranhomesmo."
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Falácia do rótulo odioso.

Eu, hein! Comentário que só serve para demonstrar que, para algumas pessoas mutíssimo "sábias", não importa a substância do que seja dito, contato que seja do meu grupinho ou das pessoas que se acreditam possuidoras do Verbo Divino!

Mas que comentário ridículo.

Preste mais atenção ao "QUE" é dito, e não a "QUEM" diz! Ou será que, guiado por mestres desse nype, voltaremos àquele tempo nos quais se dizia: "Mas não é este o filho do carpinteiro?" - ou - "Pode de Nazaré sair algo de bom?".

A verdade vale mais que sectarismo barato.

Luís Guilherme Fernandes Pereira disse...

Dois erros crassos. O primeiro, considerar que o rito promulgado por Paulo VI é diretamente decorrente do CV2, é o "rito do CV2". Não é. As mudanças litúrgicas promovidas pelo Concílio podem ser vistos na última missa de Pe. Pio de Pietrelcina, segundo o rito promulgado pelo Beato João XXIII, em vídeo que pode ser encontrado facilmente na internet. O rito do Novus Ordo não vem do Magistério Ordinário exercido pelo colégio dos bispos unidos ao Papa no Concílio Vaticano II, mas da cabeça de Monsenhor Bugnini.

O segundo erro é alegar ao IBP a discordância da Hermenêutica da Continuidade (termo cunhado pelo Santo Padre, gloriosamente reinante, em 2005 para combater a falsa idéia de "espírito do concílio"). Se eles discordam "do concílio", não ajudariam a formular-lhe interpretação ortodoxa, simplesmente o rejeitariam. Vocês pegam "trabalho crítico" e torcem desonestamente as palavras para tirar do nada que a missão do IBP é "criticar o concílio". O papa não quer "corrigir o concílio" mas ensinar a sua interpretação autêntica, em consonância com a Tradição.

Como você gosta tanto do nosso apostolado que dedica o seu tempo a falar de nós, sugiro que leia um artigo de minha lavra sobre o que mais envolve a crise pós-conciliar.

http://www.veritatis.com.br/article/5465

Só não entendo que quem desonestamente troca "trabalho crítico" por "crítica ao concílio" ache inconcebível que os modernistas também tenham desonestamente torcido palavras para dar uma falsa interpretação a um concílio legítimo.

Equipe Décor disse...

Salve Maria.
Ora, então o que vc, caro luis, está querendo dizer é que: ha ~40 anos toda a Igreja "vive" de uma liturgia que não vem de "fontes infalíveis" e sim da "cabeça" de um cardeal? E você acha isso, por acaso, normal?!
Penso que qualquer católico que, tendo segurança da fonte que cita, como você parece ter, deveria no mínimo, "escrever um artigo" indignado com isso.
Agora, é evidente que depois da revolução da década de 60 e seus princípios igualitários, a sociedade decai de forma trágica. O que não significa que para ficar "em conformidade" com os nossos tempos, a Igreja tenha que equiparar às falsas religiões, promovendo orações em mesquitas, concelebrações com ortodoxos, peregrinações com anglicanos, etc, etc, etc.
Foi Ratzinger mesmo quem disse que o que foi feito no CVII, foi aproveitar (para a igreja)o que tinha de melhor nos ideais revolucionários de 68.
O que eu quero mesmo, é ver como conseguirão dar uma "interpretação autêntica [ao CVII], em consonância com a Tradição" levando a cabo o que houve de melhor em 68.
Quanto ao IBP, por favor, somente os mais iludidos com o prof. Fedeli ainda conseguem ver que tal grupo tem algum interesse em se opôr ao concílio.
Assim como todos os grupos "Ecclesia Dei" o IBP já "caiu na rede". Não me surpreenderei se algum dia o ver seu superior declarando: "...a outra missa? (se referindo à missa nova) Nós estamos lá também..." como o fez D. Rifan em entrevista, também facilmente encontrada na net.

Nossa Senhora Aparecida, livrai-nos dos modernistas.

fausto